domingo, 23 de maio de 2010

Estudos Realizados

O quadro sintomatológico característico do PTSD surge logo após um acontecimento traumatizante, embora possa decorrer um período de latência de alguns meses ou até mesmo anos até se manifestar. É frequente nos indivíduos com PTSD, uma forte labilidade emocional e sentimentos de depressão, os quais podem conduzir a comportamentos auto-destrutivos e abuso de substâncias como o álcool ou drogas. Assim, é frequente em muitos ex-combatentes da guerra colonial portuguesa, estarem associados ao PTSD, sintomas de depressão, ansiedade e de psicopatologia em geral (Albuquerque, 1992).

É de igual modo importante salientar que em muitos casos, mesmo que ocorra um acontecimento de natureza traumática, nem todas as pessoas que o vivenciaram manifestam sintomas desta Perturbação. Deste modo, parece que o acontecimento traumático, é condição necessária mas não suficiente para o desencadeamento de PTSD. Assim, os estudos realizados têm sido controversos e como tal sugerem que para além do acontecimento traumático, os factores da personalidade, genéticos, físicos, psicológicos e as estratégias de coping utilizadas, podem contribuir para o aparecimento do PTSD. Para além de todos estes factores, é também de grande relevância o tipo de rede de suporte social do sujeito, que poderá ou não contribuir para a minimização dos efeitos do PTSD.

Muitos têm sido os trabalhos realizados sobre o PTSD, que vão desde a etiologia ao fenómeno da patologia, passando pelas diferentes intervenções terapêuticas. A nível internacional a maior parte das investigações realizadas, enquadram-se se naquelas que resultam dos acontecimentos causados deliberadamente pelo homem, nomeadamente as guerras, e Portugal não é excepção.

Assim, contamos no nosso País com a presença de alguns trabalhos realizados sobre esta temática, onde uma grande parte deles se desenvolveram através da equipa do Dr. Afonso de Albuquerque no Serviço de Psicoterapia Comportamental do Hospital Júlio de Matos. Estes trabalhos têm então incidido em aspectos particularmente importantes, como o diagnóstico e a psicoterapia em ex-combatentes de Guerra. Segundo Albuquerque (1992), a guerra colonial, que decorreu entre 1961 e 1974, envolveu cerca de um milhão de homens dos quais 10000 foram mortos e cerca de 30000 ficaram feridos. Segundo ele, comparando estes dados com os da Guerra do Vietname, poderão existir cerca de 140000 ex-combatentes portugueses com problemas psicológicos e desses, cerca de 30% com PTSD. O autor acrescenta ainda que devemos também ter em conta, o número de pessoas que vivem com os ex-combatentes e que possam estar, também elas perturbadas.

Num estudo do “Center for Disease Control”, referente à Guerra do Vietname, foi concluído que 26% dos Veteranos, eram portadores de sintomas psicopatológicos, e que 7% deles, sofriam de Perturbação Depressiva Major. De igual modo, 27% dos prisioneiros de guerra, possuíam doenças psiquiátricas graves. Deste modo, as estimativas sugeriram que cerca de 15% dos veteranos do Vietname, sofriam de PTSD.

Para além de ser visível na maior parte dos estudos a correlação existente entre sujeitos com PTSD e a violência, começam a emergir diferentes variáveis associadas, como o caso do abuso de substâncias tóxicas e os problemas inter-pessoais. Um exemplo onde podemos observar isto, é o estudo realizado por Yager, no qual 16% dos Veteranos, admitiram ter problemas no emprego e com os amigos, devido ao álcool, sendo que alguns deles, tinham sido detidos pela polícia pelo menos uma vez.

1 comentário:

  1. “Segundo Albuquerque (1992), a guerra colonial, que decorreu entre 1961 e 1974, envolveu cerca de um milhão de homens dos quais 10000 foram mortos e cerca de 30000 ficaram feridos. Segundo ele, comparando estes dados com os da Guerra do Vietname, poderão existir cerca de 140000 ex-combatentes portugueses com problemas psicológicos e desses, cerca de 30% com PTSD. O autor acrescenta ainda que devemos também ter em conta, o número de pessoas que vivem com os ex-combatentes e que possam estar, também elas perturbadas.”

    O meu comentário vai no sentido de salientar, alertar e ou abordar o tema sobre
    outra forma de diagnóstico.
    Todos os factos, catástrofes, tragédias que toquem profundamente o ser humano de modo violento têm consequentemente lesões de ordem psíquica, social económica e naturalmente física.
    No contexto em presença e da saúde psíquica, muito mais violento que os próprios factos da guerra são a postura posterior de relação que os poderes emergentes de natureza política ou até mesmo de opinião exercem sobre o perfil de consciência
    dos protagonistas vítimas ou não da guerra. Também no compto dos interesses
    em presença são conduzidos os diagnósticos de modo a minimizar responsabilidades, branquear crimes ou retirar “proveito” daquilo que pode ser um mercado vasto para alguns negócios. Nesta matéria não será alheio os profissionais da psiquiatria e também da psicologia.
    Só o termo “Guerra colonial” abusa intencionalmente de toda um geração masculina que de 1961 com cerca de 20 anos até 1974, hoje com 60 a 74 anos, que foi chamada obrigatoriamente a participar numa guerra com a qual nada tinham a ver com ela.
    Concorde-se ou não, ao tempo era uma Guerra no Ultramar Português, cheia de traições e ciladas aos jovens militares portugueses promovidas pelos interesses soviéticos e chineses que forneciam armamento, minas, treinavam guerrilheiros terroristas e no teatro da ONU legitimavam toda esta acção criminosa sabendo antecipadamente que estes jovens recebiam a missão com juramento de bandeira de morrerem pela Pátria.
    O termo Guerra Colonial, será a mesma coisa que o actual poder impor a opinião
    de que todos aqueles jovens participaram numa guerra criminosa ainda que
    obrigados mas no mesmo sentido deveriam desertar trair como também muitos fizeram-no e a história veio a comprovar um maior sucesso.
    Repito, só o termo Guerra colonial calunia e agride violentamente quem nunca desejou a guerra, e sente-se naturalmente vítima de um “booling” de um assédio de um povo que naturalmente não mereceu o sacrifício desta geração inteira.
    Como testemunho sou um desses jovens que voltei hoje ainda vivo e quanto
    a PTSD reafirmo-me vacinado, graças a conhecimentos adquiridos. Não me é todavia indiferente a postura com que a sociedade e o poder no particular
    nos trata.

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